Setor de serviços cai 2,2% e tem pior julho desde 2011, aponta IBGE

setembro 14th, 2018

Por Daniel Silveira, G1, São Paulo

14/09/2018 09h00  Atualizado agora

Atividades de transporte foram as que mais pressionaram a queda do volume de serviços em julho, segundo o IBGE. — Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilAtividades de transporte foram as que mais pressionaram a queda do volume de serviços em julho, segundo o IBGE. — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Atividades de transporte foram as que mais pressionaram a queda do volume de serviços em julho, segundo o IBGE. — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O volume de serviços prestados no Brasil caiu 2,2% em julho na comparação com o junho, pior resultado para o mês desde 2011, quando tem inicio a série histórica do levantamento. É o que aponta a pesquisa de desempenho do setor divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que o setor de serviços teve o pior julho desde 2014. A informação foi corrigida às 9h38)

Volume de serviços nos meses de julho
Variação (%) contra o mês imediatamente anterior
0,60,6-0,1-0,10,10,10,60,6-0,5-0,5-0,2-0,200-2,2-2,2Julho/2011Julho/2012Julho/2013Julho/2014Julho/2015Julho/2016Julho/2017Julho/2018-2,5-2-1,5-1-0,500,51
Fonte: IBGE

O resultado reforça a fraqueza do setor, que tem apresentado grande volatilidade desde a greve dos caminhoneiros (caiu 3,4% em maio e cresceu 4,8% em junho) e inicia o terceiro trimestre em queda, acumulando no ano uma retração de 0,8% e, em 12 meses, queda de 1%.

Da mesma forma que o setor de serviços, a indústria e o comércio também iniciaram o 3ª trimestre no vermelho, reforçando a leitura de perda de ritmo da recuperação da economia brasileira.Após o salto de 12,9% registrado em junho, a produção industrial caiu 0,2% em julhofrente ao mês imediatamente anterior. Já as vendas do comércio varejista tiveram queda de 0,5% em julho, o terceiro recuo mensal seguido.

O IBGE destacou que, com os resultados de julho, o patamar de serviços prestados no país se encontra 12,9% abaixo de janeiro de 2014, o ponto mais alto do setor na série histórica.

O resultado foi muito pior do que a expectativa de alta de 0,4% em pesquisa da Reuters. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 0,3%, contra projeção de alta de 1,3%.

De acordo com o IBGE, quatro das cinco atividades de serviços investigadas na pesquisa tiveram queda na passagem de junho para julho. A queda mais expressiva foi a dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que recuou 4,0%, e somente os serviços prestados às famílias tiveram alta no mês, de 3,1%.

Resultados por atividades:

  • Transportes, armazenagem e correio: -4,0%
  • Serviços de informação e comunicação: -2,2%
  • Serviços profissionais e administrativos: -1,1%
  • Outros serviços: -3,2%
  • Serviços prestados às famílias: 3,1%

O acumulado do ano recuou 0,8%, com taxas negativas em três das cinco atividades e em 57,8% dos 166 tipos de serviços investigados. Entre as atividades, os serviços de informação e comunicação (-1,7%) e os profissionais, administrativos e complementares (-2,2%) exerceram os principais impactos negativos. O outro setor que também recuou foi o de serviços prestados às famílias (-1,8%). Por outro lado, as contribuições positivas ficaram com os segmentos de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,7%) e de outros serviços (2,4%).

Comparação anual

Em relação a julho de 2017, o setor de serviços caiu 0,3%, com queda em duas das cinco atividades. Segundo o IBGE, os serviços profissionais, administrativos e complementares (-2,8%) exerceram a principal influência negativa. O outro impacto negativo veio de serviços prestados às famílias (-0,5%).

Já no lado positivo, a contribuição mais relevante ficou com o ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,8%). Avançaram também os serviços de informação e comunicação (0,1%) e outros serviços (0,5%).

Trajetória de recuperação

Embora em julho o setor de serviços tenha acumulado queda de 1% nos últimos 12 meses, o ritmo de queda tem perdido intensidade. Os números do IBGE mostram ganho de ritmo do indicador desde junho do ano passado, quando a queda acumulada era de 4,7%.

Setor de serviços em recuperação
Variação do volume de serviços no acumulado em 12 meses
-4,7-4,7-4,6-4,6-4,5-4,5-4,3-4,3-3,7-3,7-3,4-3,4-2,8-2,8-2,7-2,7-2,4-2,4-2,1-2,1-1,4-1,4-1,6-1,6-1,2-1,2-1-1Jun/17Jul/17Ago/17Set/17Out/17Nov/17Dez/17Jan/18Fev/18Mar/18Abr/18Mai/18Jun/18Jul/18-5-4-3-2-10
Fonte: IBGE

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o setor de serviços apresenta taxa negativa desde 2015. O IBGE destacou, no entanto, que em 2018 a queda é bem menos intensa que nos três anos anteriores. De janeiro a julho de 2015, a queda acumulada era de 2,4%. No mesmo período de 2016 o recuo foi de 4,8% e, em 2017, de 4%.

Resultados regionais

Na passagem de junho para julho, 17 dos 27 estados apresentaram queda no volume de serviços. A retração mais intensa foi observada no Rio de Janeiro (-7,0%), que registrou a queda mais intensa desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2011. Os outros resultados negativos mais expressivos foram registrados em São Paulo (-2,1%) e Minas Gerais (-1,9%). Do lado positivo, os destaques ficaram com Ceará e a Bahia, que tiveram avanço, respectivamente, de 2,3% e 0,9%.

Já na comparação com julho do ano passado, houve queda no volume de serviços em 19 das 27 unidades da federação. Novamente, a queda mais intensa foi registrada no Rio de Janeiro (-4,4%). Os outros resultados negativos mais relevantes foram observados no Paraná (-3,5%), Ceará (-6,8%) e Rio Grande do Sul (-2,4%). Os destaques positivos nesta base de comparação ficaram com São Paulo (1,2%), Minas Gerais (2,7%) e Bahia (4,1%).

Ritmo lento da economia

Com o desemprego ainda elevado e confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em relação às eleições, a economia brasileira tem mostrado um ritmo de recuperação mais lento que o esperado.

Após divulgação de alta de apenas 0,2% no PIB no 2º trimestre, analistas do mercado passaram a projetar um crescimento mais próximo a 1% em 2018. Segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa do mercado é que a economia cresça 1,40% em 2018, metade do que era esperado alguns meses antes.

O setor de serviços tem forte peso na economia brasileira, representando cerca de 70% da composição do Produto Interno Bruto (PIB), e ainda não conseguiu recuperar as perdas dos últimos anos.

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